Em suave movimento de formas agrestes, surge Padre Fontes na sua singularidade. Homem comum, unido ao meio, ao povo. Crente, determinado, decidido num querer forte e preciso. E, como ser vivo, longe de quem o procura, tem Padre Fontes os seus desejos. Pensa, e esse pensamento ultrapassa os seus momentos e entra na intimidade de um ser cansado. Perto, nas terras de Barroso, no Larouco, montanha sagrada, revolve-se o mundo nas metáforas críticas de novos tempos. Vagueia o Padre nesse novo espaço e deixa que se transforme nessa ordem improvável. Une-se, sorri, adoece com o meio. Como quimera, não são mais do que liberdade e sorriso esses momentos. E segue no seu passo rápido, como se o tempo fosse escasso. Prossegue em olhares, nesses rumores e odores de sensualidade. «... Sempre gostei de olhos castanhos... Belo bicho. Belo arroz, pensava... Vou tocar piano... Já não consigo estar aqui sentado... Estas dores. Passaram das costas para os joelhos... Estou esfomeado... Não quero que as palavras inundem a noite de um luar com estrelas... Cuidado com a curva... Uma luz intensa?... Ainda é de manhã... Entrem. Estejam vontade... E o que é um exorcismo, Padre Fontes?... Vou ler. Até o sono, a noite, as estrelas, não o frio, só o calor, entrarem em mim... Criarei o amor e, somente, em silente murmúrio de água dourada a sol. Na fragrância de um sopro... Senta-te. Um dia, antes do fim, permaneceremos juntos.»